Brasil: Rede de Jovens com HIV se articula para sensibilizar Fundo Global sobre a necessidade de projetos para esse público


Participando do 4º Fórum de Parceiros do Fundo Global, integrantes da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids estão se articulando para que a entidade que financia projetos contra a aids, tuberculose e malária em todo o mundo aprove propostas voltadas a esse público. O Fórum termina nesta quinta-feira em São Paulo com uma plenária que definirá as estratégias a serem adotadas pelo Fundo nos próximos 5 anos.

“Nossa principal demanda é em relação à reprodução assistida (método utilizado para preservar a saúde do casal e do filho, quando pelo menos um dos futuros pais é soropositivo). O acesso, inclusive a informações, é restrito”, disse José Rayan, coordenador da Rede de Jovens. “A  maior parte dasociedade acredita que pessoas com HIV não podem ser pais”, completou.

Jaqueline Lima, integrante da Rede, vivenciou recentemente essas dificuldades. “Meu namorado e eu decidimos ter um filho. Mas eu não sabia que a reprodução assistida é um direito dos soropositivos”, declarou.

Segundo a jovem, por esse motivo ela não se sentiu à vontade para revelar o desejo ao médico com o qual se trata. “Eu também não tinha como me posicionar quando falei a outros profissionais da saúde que queria ser mãe e eles me desmotivaram”, contou.

Jaqueline e o namorado resolveram ter o filho sem buscar orientação. Pouco tempo depois, ela contou ao médico que estava grávida. “A reação dele foi a de fazer o que era possível para evitar que meu filho e meu namorado se infectassem pelo HIV. Eles continuaram soronegativos, mas, se eu tivesse mais acesso a informações, teria reivindicado meus direitos e não precisaria ficar tão aflita com a possibilidade de ter passado o vírus para eles”.

Sensibilização

O coordenador da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids afirmou que, caso a plenária final do Fórum aprove a necessidade de ações específicas voltadas a jovens soropositivos, a sensibilização só terá efeito se o Brasil apresentar alguma proposta com esse foco.

O fato do Fundo Global querer que o Brasil aumente as doações à entidade não impede que o país também receba doações, explicou o chefe da equipe latinoamericana e caribenha do Fundo, Lelio Marmora. “Como é considerado país de renda média-alta, o Brasil é elegível para aplicar propostas voltadas à sociedade civil”.

Fábio Serrato/Agência Aids – 29.06.2011

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