Investigador de Harvard dá razão a Bento XVI


Edward C. Green, um cronista do «Washington Post», especialista em prevenção da SIDA do Centro de Harvard, dá razão ao Papa alegando que a distribuição do preservativo pode conduzir a uma «compensação de risco», uma vez que com o preservativo, as pessoas tendem a assumir relações sexuais de maior risco.
«Eu sou um liberal nas questões sociais e isso é difícil de admitir, mas o Papa está realmente certo. A maior evidência que mostramos é que os preservativos não funcionam como uma intervenção significativa para reduzir os índices de infecção por HIV em África.», afirmou Green em entrevista à revista norte-americana «National Review Online».

Edward Green é médico e antropólogo sendo uma das maiores autoridades mundiais no estudo das formas de combate à expansão da SIDA. Green dirige o Projecto de Investigação e Prevenção da SIDA (APRP, na sigla em inglês), do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Green acusa as Nações Unidas de ignorarem os resultados de um estudo que encomendaram a Norman Hearst e Sanny Chen, da Universidade da Califórnia, após em 2003 os investigadores terem concluído a não existência de evidências que os preservativos estivessem a resultar como forma primária de prevenção do HIV em África.

O cientista defende que a contaminação por HIV está em declínio em oito ou nove países africanos onde se verifica diminuição da quantidade de parceiros sexuais. «Abstinência entre jovens é também um factor, obviamente. Se as pessoas começam a fazer sexo na idade adulta, elas terminam por ter menor número de parceiros durante a vida e diminuem as hipóteses de infecção por HIV», explica.

Green subscreve as afirmações de Bento XVI afirmando que só as campanhas não resultam porque não estão a levar ao uso generalizado do preservativo, ao mesmo tempo que as pessoas que os passam a usar normalmente podem por isso ficar mais confiantes para correr riscos em algumas ocasiões.

O médico também afirma que com o chamado programa ABC (abstinência, fidelidade e preservativo – «condonm» em inglês) que está a funcionar no Uganda, se conseguiu reduzir de 30 para 7 o percentual de contaminação por HIV com uma política de estímulo à abstinência sexual dos solteiros e à fidelidade entre os casados. O uso do preservativo é defendido somente em último caso.

Recorde-se que Bento XVI foi criticado pelo Governo alemão e francês por dizer que a «a tragédia [da sida] não pode ser vencida apenas com dinheiro, nem pode ser vencida com a distribuição de preservativos que podem até aumentar o problema» apelando à monogamia como forma de combater a propagação do VIH. A Federação Internacional de Planeamento Familiar chegou mesmo a dizer que as declarações do Santo Papa são «assustadoras».

PNN Portuguese News Network 31.03.2009

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